Homenagem

'Uma pessoa que vivia para o campo e apaixonada pelo tradicionalismo', relatam familiares de homem que morreu após cair de barranco com trator

'Uma pessoa que vivia para o campo e apaixonada pelo tradicionalismo', relatam familiares de homem que morreu após cair de barranco com trator

Foto: Reprodução

Uma pessoa reservada, sempre vista pilchada, que preferia viver no campo, em uma chácara no interior. Assim que Milton Damaceno, mais conhecido como Neca, ficará na memória de familiares e amigos.


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Milton tinha 63 anos, era natural de Ivorá, mas morava na Comunidade do Barreiro, interior do município. Por lá, conduzia seu trator pela estrada, quando teria perdido o controle em uma curva e caído em um barranco, na tarde de domingo (23). Ferido, e com múltiplas fraturas pelo corpo, ele foi encaminhado para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde foi submetido à cirurgia mas não resistiu, morrendo na madrugada desta quarta-feira (26).


Neca morava com sua mãe em uma chácara. Com o falecimento dela, há cerca de 12 anos, ele seguiu no local sozinho e optou por seguir os costumes deixados por ela, como produtora rural: cuidava da horta, das frutas, das galinhas e dos porcos. Ele também domava cavalos de outros produtores da vizinhança. Cultivava uma rotina mais tranquila e voltada para a vida do campo.


Conforme relata sua prima, Isara Fagundes de Oliveira, de 42 anos, ele era um "ótimo assador de carne". Neca era muito apaixonado pelo mundo do tradicionalismo gaúcho e participou de todo o processo de criação do CTG da cidade, Centelha do Imigrante, inclusive nas obras de construção, há cerca de 30 anos. 


— A casa dele inclusive, ele dizia que era "o seu rancho", assim que ele chamava — conta Isara.


Como um típico gaudério, Isara conta que ele se deslocava da comunidade Barreiro para Ivorá, em um trajeto de 10 km, à cavalo:


— A gente sempre conheceu ele montado no lombo de um cavalo. Era super normal ver ele andando pela cidade à cavalo, ele vinha fazer compras assim. São as maiores lembranças dele, sempre na lida campeira.


Outro ponto forte relatado por Isara era o seu "lado família". Um dos mais novos entre uma família de nove irmãos, ele sempre foi muito próximo de seus familiares e ajudava sempre que possível:


— Ele cuidava muito dos familiares, seja financeiramente ou com conselhos, ajudava primos de até de 3º grau. Ele não tinha filhos, mas acolhia os parentes como se fossem seus.


Quem também falou sobre a partida de Neca foi Jovane Marcelo Damaceno, de 45 anos, sobrinho dele. Ele reforça que seu tio era um pessoa muito apegada à tradição e que o acidente pegou todos de surpresa:


– Nunca vi meu tio doente. Agora, acontece um acidente e ele se vai. Quando alguém está com alguma doença, é mais fácil lidarmos com a perda, mas quando é algo inesperado, isso pega a gente de surpresa. Ficamos muito sentidos.


Segundo o sobrinho, Neca estava acordado no momento em que foi resgatado por vizinhos quando caiu em um barranco com seu trator; ele só teria apagado no momento da cirurgia:


Ele teve múltiplas fraturas pelo corpo todo, não queria ir para o hospital. Ele estava consciente, tentou resistir. Em alguns momentos, na ambulância, ele reclamava de dores, mas depois dos primeiros remédios, isso reduziu. Só apagou mesmo no momento da cirurgia. Até o médico que atendeu ele comentou que nunca tinha visto uma pessoa tão forte, que estava tão machucada e não se entregava.


Agora, é hora de guardar nas memórias os bons momentos vividos. Isara, emocionada, conta qual a imagem que sempre vai guardar na memória de seu primo:


– A imagem dele ensinando minhas duas filhas, quando eram pequenas, a andar a cavalo. Ele indo na frente e guiando as meninas. Meu primo passou essa tradição para elas.


Como o tio quase não ia para a cidade, Jovane estavam combinando há alguns meses de marcar um encontro em sua chácara, mas o churrasco não aconteceu:


— No momento do cortejo, desabafei um outro primo sobre esse churrasco. Não conseguimos realizar esse encontro.



Despedida

Milton Damaceno foi velado e sepultado na manhã desta quinta-feira (27) em Ivorá. Sua despedida foi repleta de emoção, com homenagens. O cortejo, da funerária até o cemitério municipal ,foi guiado por cavalarianos, montados em seus cavalos e com as bandeiras de Ivorá, do Rio Grande do Sul e do CTG, enquanto familiares e amigos foram a pé.


— Foi muito emocionante. Um dos cavalarianos conduziu o cortejo com o cavalo do Neca até o cemitério. Até o último momento da vida dele, mantemos a tradição, como ele sempre gostou. Imagino que, de onde ele esteja, ele viu a nossa homenagem e espero que tenha ficado feliz — conta Isara.


É dessa forma que amigos, familiares e conhecidos vão guardar Neca na memória. Um homem que viveu para o campo, para o tradicionalismo, sem deixar de ajudar seus familiares.

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