Despedida

Da vida de estudante em Santa Maria ao sonho de ser voluntária em missões na área da saúde; quem era a enfermeira morta em Alegrete

Da vida de estudante em Santa Maria ao sonho de ser voluntária em missões na área da saúde; quem era a enfermeira morta em Alegrete

Foto: Reprodução

Com o sonho de se aprimorar na profissão, a enfermeira Priscila Ferreira Leonardi embarcou para Dublin, capital da Irlanda, em 2019, relata uma amiga e colega que não quis se identificar. Ela se recorda como se fosse hoje de quando conheceu Priscila, principalmente pelo afeto no recebimento dela, que acabava de chegar ao novo emprego:


— Eu conheci a Priscila na enfermagem. Era o meu primeiro dia de trabalho, quando ainda morava no Rio Grande do Sul. Foi a Priscila que me recebeu e quem me ensinou tudo sobre a área da enfermagem. A gente foi colega de profissão no Brasil antes que a Priscila mudasse para a Irlanda — recorda.

 


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As duas chegaram a morar juntas quando se conheceram no Rio Grande do Sul. Após quatro anos estabelecida na capital irlandesa, Priscila convidou a amiga, que também foi morar em Dublin em 2022. Apesar de não dividirem mais a moradia, as amigas mantinham contato semanalmente na nova cidade. Na Europa, a enfermeira fez diversas amizades que se tornaram sua família longe do Brasil. Mesmo do outro lado do oceano, esses amigos têm se mobilizado intensamente, primeiro para encontrar Priscila, e agora, por justiça.

 

— Todos estão trabalhando incansavelmente para que a justiça seja feita. A gente fez uma grande mobilização, no primeiro momento, para poder encontrar ela. Infelizmente encontramos de uma forma que a gente jamais imaginava, ver tanta brutalidade assim, principalmente com a nossa amiga querida. Agora estamos trabalhando todos juntos, não só países europeus, mas também amigos do Brasil estão trabalhando juntos nessa divulgação. Vamos fazer protestos para que a gente consiga estar auxiliando na investigação da polícia para que o culpado, ou os culpados, sejam punidos e paguem pelo o que foi feito — diz a amiga.


A generosidade de Priscila é a principal característica que atraiu tantas pessoas para o seu convívio. No cotidiano, ela dividia sua rotina entre os estudos da Especialização que fazia e passeios ao Phoenix Parque, lugar que adorava frequentar em Dublin. Já habituada ao país em que morava, Priscila chegou na Irlanda para realizar o seu sonho de ser voluntária na área em que atuava:

 

— A Priscila sempre teve o sonho de ser voluntária em diversos países do mundo, em poder estar ajudando. Missões de caridade na área da enfermagem. Sempre foi um sonho dela, ela sempre nos contou, desde quando eu a conheci no Brasil. Então esse era o objetivo dela, especialização na língua para poder estar viajando o mundo fazendo projetos voluntários na área da enfermagem — revela a amiga.


Para a amiga, a disponibilidade e o esforço para ajudar o próximo são as características mais marcantes de Priscilla, e que ficará como exemplo.

Um grupo de amigos da enfermeira está organizando um protesto para a próxima segunda-feira (17) em frente à embaixada do Brasil em Dublin. Com o questionamento “Quem matou Priscila?”, o ato busca mobilizar pessoas para pedir justiça pela enfermeira.


Passagem por Santa Maria

O ano era 2009 quando a jovem Priscila se formou em Enfermagem pela Universidade Franciscana (UFN), à época Centro Universitário Franciscano. A bailarina Daniele Knierim relembra desse período em que conviveu com a enfermeira:

 
— Na época a gente saía, a gente ia para as festas. Ela era uma guria muito calma, muito tranquila, bem certinha. A gente fazia jantares na casa dela, ela adorava receber os amigos em casa. A Priscila era muito afetiva com os amigos — relembra.

 

Foto: Arquivo Pessoal


Apesar das lembranças alegres, Daniele relembra dos período em que acompanhou os cuidados de Priscila com sua mãe, falecida em 2009 em decorrência de um câncer:

— Ela passou por um momento de barra pesada, ela cuidava da mãe dela que estava com câncer. Já não saía mais para ficar cuidando da mãe, para ficar junto. Mas a mãe dela sempre, por mais que estivesse sofrendo, passando por um momento difícil, ela estava sempre alegre. Nunca vi a mãe dela reclamando. Eu acho que isso também deu muita força para a Priscila. Ela ficou forte assim. Porque ela viu que a mãe dela não estava reclamando, então ela também se manteve otimista — constata.

 

Apesar do distanciamento das amigas, decorrente das mudanças de cidades, Priscila chegou a mandar uma mensagem para Daniele, em 2013, para saber como a amiga estava e prometendo visitá-la quando fosse a Porto Alegre. O encontro nunca aconteceu. Embora afastadas, Daniele ficou em choque quando soube do assassinato da enfermeira.


O caso

O corpo da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, 40 anos, foi encontrado na tarde de 6 de julho nas águas do Rio Ibirapuitã. Ela estava desaparecida desde 19 de junho, quando veio de Dublin, na Irlanda, para passar férias no Brasil e aproveitou para tratar de questões relacionadas a uma herança deixada pelo pai, falecido em 2020, além de visitar alguns parentes em Alegrete, sua terra natal.


Desde que chegou ao Estado, em junho, a enfermeira não foi mais localizada. A descoberta do corpo no trecho do rio que fica no Bairro Vila Nova confirma que Priscila foi assassinada.

A necropsia indicou que a causa da morte foi estrangulamento. Também havia marcas de espancamento no corpo. Familiares confirmaram a identidade da vítima.

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