"Não usamos violência, pois somos a favor da vida", explica Pai Claito sobre a realização de trabalhos espirituais

Foto: Nathália Schneider (Arquivo/Diário)

A morte de Zilda Correa Bitencourtt, 58 anos, em um cemitério na madrugada de sexta-feira (9) para o sábado (10), em Formigueiro, teria ocorrido após um suposto trabalho espiritual. Quatro suspeitos estão presos, entre eles, um pai de santo. Esse caso vem despertando confusão quando se fala em atividades feitas por religiões de matriz africana. Por isso, o Diário conversou com o Pai Claito do Xangô, de Santa Maria, para explicar como são realizadas.


Para começar, Pai Claito ressalta que o termo "ritual" não seria adequado para se referir a religiões de matriz africana. Também não há emprego de violência. 


– As religiões de matriz africana não costumam usar o termo "ritual" e, sim, serviços, oferendas e limpezas, algumas com foco em tirar espíritos obsessores também. Porém, não usamos violência em nossos trabalhos, pois somos a favor da vida. As pessoas nos procuram para isso, pensando em prosperar dentro de algum aspecto - afirma.



Conforme Pai Claito, os serviços feitos variam conforme a casa de religião. Enquanto algumas trabalham somente com palestras, passes, banhos energéticos, limpezas e trabalhos focados em aberturas de caminho, por exemplo, outras fazem serviços mais específicos, que podem até ser pagos. Neste último caso, alimentos e animais são usados.


– Os animais aceitos normalmente são aves, como pombos e galinhas, mas também usamos cabritos. Não se usa animal doméstico para isso. Dependendo da entidade, também usamos alimentos. Depois que o trabalho é feito, deixamos essa oferenda em algum local, que pode ser uma floresta ou até um cemitério também - detalha.


Por isso, ele revela que existe um "orixá de cemitério", para casos muito específicos. Nessas situações, a pessoa faria uma troca com o animal, que é levado ou deixado nesse local, pelo pai de santo, para ser "levado embora". Justamente aqui, entrariam casos de espíritos obsessores: 


– Tudo varia conforme a casa de religião. Na minha, por exemplo, tenho os feituras (instrumentos e algumas entidades) que ficam no meu terreiro. Portanto, não preciso sair daqui para realizar determinadas oferendas. Nada impede que o pai de santo vá até o cemitério realizar algum "trabalho" específico, como costumamos chamar. Mas o cliente não vai junto.


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Ele reforça que esse tipo de oferenda precisa ser feita por um profissional experiente, que tenha conhecimento nesse tipo de trabalho. 


Nossa religião é muito séria. Para fazer essas coisas, é necessário muita preparação e autorização daquela entidade para realizarmos determinado trabalho, pois somos somente um instrumento para que aquela demanda seja feita para o bem - afirma Pai Claito. 


Foto: Renan Mattos (Arquivo/Diário)


Em trabalhos realizados que envolvem espíritos obsessores, o processo pede ainda mais cautela:


– Primeiro, o ideal é que a pessoa procure um médico. Se a medicina não for sufuciente, ela pode procurar uma casa para realizar alguma oferenda. Nosso objetivo é ajudar. Se a pessoa incorporar no momento da conversa, pedimos para que diga o que quer. A partir disso, decidimos qual caminho traçar. Mas reforço que cada casa de religião tem o seu fundamento e sua forma de conduzir a situação.


Por fim, o religioso afirma que antes de procurar esse tipo de ajuda, a pessoa pesquise bem o local.


– Oriento que procure uma casa de confiança e converse com o pai de santo experiente antes de realizar qualquer trabalho específico que exija oferendas ou serviços. As religiões de matriz africana não são a favor da morte. Nossa função é fazer o bem - finaliza. 


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