Polícia Civil indicia médico santa-mariense e mais seis por homicídio em evento em SC

Polícia Civil indicia médico santa-mariense e mais seis por homicídio em evento em SC

Foto: Divulgação Policia Civil

A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu o inquérito sobre o acidente fatal ocorrido em Grão-Pará, no dia 22 de agosto de 2025, e indiciou o piloto e médico santa-mariense Davidson Alba – que conduzia uma Porsche 911 Carrera – e mais seis organizadores do evento "Subida da Montanha" por homicídio doloso e lesões corporais dolosas. A investigação apurou que o veículo trafegava a mais de 100 km/h em via urbana, em um evento sem autorização e com barreiras de segurança "frágeis e insuficientes".


Entenda: 

homicídio doloso ocorre quando o agente tem a intenção de matar ou assume o risco de causar a morte de outra pessoa. Essa intenção pode ser direta, quando o autor claramente deseja o resultado, ou eventual, quando ele aceita a possibilidade do desfecho letal.


O inquérito, que será remetido ao Ministério Público, indiciou o condutor do veículo, o santa-mariense de 37 anos, e seis organizadores do evento. Segundo a delegada Jucinês Ferreira, a investigação descartou falha mecânica no Porsche e comprovou que o veículo trafegava a mais de 100 km/h na via urbana no momento em que atingiu o público.


A polícia também localizou um registro audiovisual com instruções para que os pilotos atingissem "aproximadamente 150 km/h" durante a apresentação. 


"Por mais que a maioria dos interrogados tenha afirmado que não houve incitação a acrobacias ou ao emprego de altas velocidades, há registro audiovisual que captou instruções direcionadas aos pilotos sobre como deveriam se apresentar, incluindo a orientação para que atingissem a velocidade de aproximadamente 150 km/h", diz trecho do inquérito. 


A investigação concluiu que o evento foi realizado sem autorização formal das autoridades competentes e utilizou um "gradeamento simplório e exíguo", incapaz de conter o impacto do veículo.


"As diligências evidenciaram que o evento foi realizado sem autorização formal das autoridades competentes e sem estrutura técnica adequada de segurança, sendo utilizado apenas um gradeamento simplório e exíguo, incapaz de conter o impacto de um veículo em movimento".


Com base nas provas, a autoridade policial entendeu que o condutor e os organizadores "tinham plena consciência do perigo concreto criado, assumindo voluntariamente o risco das consequências fatais". Por isso, foram indiciados por homicídio doloso (dolo eventual) e lesões corporais dolosas.


"Com base nesse conjunto probatório, restou caracterizado o dolo eventual, impondo-se o enquadramento do piloto por homicídio doloso e lesões corporais dolosas. Da mesma forma, verificou-se a participação dolosa dos organizadores, que ao todo são 6 homens, nos mesmos resultados, qual seja homicídio doloso e lesões corporais dolosas, em razão da atuação e omissão determinantes que contribuíram para a criação e manutenção de um contexto de perigo extremo à vida humana", conclui a investigação. 


O Diário aguarda o posicionamento do advogado do médico de Santa Maria e tenta contato com a organização do evento. 


Relembre o acidente

O acidente aconteceu por volta das 18h30min de 22 de agosto, uma sexta-feira, durante uma arrancada promocional do evento. O condutor do Porsche 911 Carrera, com placas de Santa Maria, perdeu o controle do veículo, ultrapassou uma área de escape e avançou sobre os espectadores.


Três mulheres foram atingidas. Patrícia Oening Foss, que era balconista, morreu no local. As outras duas vítimas, Eliete Zanelato Bágio e Denize Redivo Bussolo, sofreram lesões leves.


Na época, o condutor, que é piloto federado no Rio Grande do Sul, foi preso em flagrante. O teste do etilômetro deu negativo para o consumo de álcool e ele foi solto após pagar uma fiança de R$ 5 mil.


Posicionamentos da época

No dia seguinte ao acidente, a defesa do motorista lamentou o ocorrido e afirmou que "em um ambiente que deveria ser altamente controlado, pessoas estavam aglomeradas em uma área de escape".


A organização do evento afirmou que o atendimento foi imediato e que possuía "as devidas autorizações municipais, estaduais e desportivas", cancelando o restante da programação. A prefeitura de Grão-Pará, por sua vez, se solidarizou com as vítimas e se colocou à disposição das autoridades.


A conclusão do inquérito, ao apontar a falta de autorização formal e a inadequação da segurança, contraria a nota divulgada pela organização na época do acidente.



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