Cinco furtos em um mês: escola municipal no Bairro Camobi enfrenta onda de crimes

A sequência de furtos que vem afetando escolas municipais em Santa Maria chegou também à Escola Municipal de Ensino Fundamental Vicente Farencena, no Bairro Camobi. Depois da série de invasões à Emef Pão dos Pobres Santo Antônio, no Passo D’Areia, a direção da Vicente Farencena relata um cenário semelhante: desde o início de outubro, foram registrados pelo menos cinco furtos, todos com foco em equipamentos de ar-condicionado e fiação elétrica. O primeiro caso ocorreu em 4 de outubro.

Segundo a diretora da instituição, Roselis Oliveira, a sequência de furtos tem causado prejuízos financeiros e estruturais, mas também afetado o cotidiano de alunos e professores. Os ataques comprometeram o funcionamento de equipamentos essenciais em sala de aula e até mesmo na cozinha, tornando a rotina escolar mais difícil em meio às altas temperaturas. 

– Nós estamos muito preocupados, agora, com a questão do calor, porque todas as nossas salas tinham ar. Foi um trabalho ao longo do tempo para conseguir colocar em todas as salas, muito com a ajuda da comunidade, e neste momento estamos com quatro salas sem ar-condicionado – lamenta. 

Relatos

A diretora conta que, em uma das invasões, a escola chegou a ficar dois dias sem energia elétrica em uma das laterais do prédio, o que dificultou o uso da cozinha. A equipe só descobriu o motivo da falha quando um eletricista identificou que os fios haviam sido furtados.

Os ataques, segundo a direção, acontecem sempre durante a noite, quando não há movimentação na escola. O pátio, voltado para uma praça com pouca iluminação e movimento, tem se tornado o principal ponto de acesso dos criminosos. Eles escalam o muro, de cerca de 2m10cm, entram pelo terreno e cortam as tubulações de cobre dos aparelhos de ar-condicionado. 

– Eles pulam a grade, não se preocupam com a questão das câmeras, ficam em torno de 20 minutos, cortam o cano, esperam sair o gás do ar-condicionado e depois levam o material. Em alguns casos, as imagens mostram até um casal agindo junto – relata Roselis. 

Prejuízo

Cinco aparelhos foram vandalizados, dois deles sem conserto possível. Para reduzir a vulnerabilidade, a escola refez toda a fiação elétrica, instalando calhas de aço e redes internas, em um investimento de cerca de R$ 5 mil. Somando os danos aos equipamentos e à infraestrutura, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 23 mil.

Mesmo diante das dificuldades, a equipe escolar tenta reagir e encontrar soluções por conta própria. Professores, pais e alunos organizam rifas e ações entre amigos para arrecadar recursos e iniciar os reparos mais urgentes. A diretora destaca que o sentimento predominante é de desânimo, especialmente porque os furtos vêm ocorrendo logo após um período de revitalização do espaço, com pintura e reorganização do pátio e dos brinquedos. 

– Estamos desde junho em um esforço para revitalizar a escola, pintamos, reorganizamos o pátio, deixamos o espaço bonito. E agora, com essa situação, todos ficam tristes e revoltados. Dá uma sensação de impotência, de que o trabalho não é valorizado, de que não há respeito com o que estamos tentando construir – desabafa.

O clima de insegurança é compartilhado entre a comunidade escolar e os moradores do entorno. A escola, que não conta com um guarda fixo desde 2018, conforme a direção, depende das rondas eventuais da Brigada Militar e da Guarda Municipal. Apesar de os agentes já terem identificado suspeitos com base nas imagens das câmeras do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Santa Maria (Ciosp), não houve flagrantes até o momento. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) afirma que "acompanha o caso com a equipe diretiva da escola e presta auxílio dentro das possibilidades. Além disso, a Smed solicitou ajuda da Secretaria de Segurança e Ordem Pública (SSOP), que ampliou as rondas da Guarda Municipal, com reforço da Brigada Militar (BM) no entorno da escola."