“É muito triste. Perdemos verba que poderia ser usada com os alunos”, lamenta professor após sequência de furtos em escola de Santa Maria

Autor: Andreina Possan e Rian Lacerda

“É muito triste. Perdemos verba que poderia ser usada com os alunos”, lamenta professor após sequência de furtos em escola de Santa Maria

Foto: Rian Lacerda (Diário)

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Pão dos Pobres Santo Antônio, localizada no Bairro Passo D’Areia, em Santa Maria, enfrenta uma sequência de furtos que vem afetando não apenas a estrutura física, mas também o funcionamento e o orçamento da instituição. Em pouco mais de um mês, foram ao menos seis invasões, com o roubo de fios, cabos de cobre, peças de ar-condicionado e componentes elétricos. A reportagem do Diário esteve na escola e ouviu o diretor, Guilherme Kieling, e o professor de arte e orientador da instituição, Jean Linck, que descreveram em detalhes os impactos dos crimes e as dificuldades financeiras que enfrentam para manter as atividades em funcionamento na instituição de ensino localizada na Avenida Borges de Medeiros.

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Entre fios arrancados, portas arrombadas e prejuízos que se acumulam, o cenário é de frustração. O primeiro furto ocorreu no dia 5 de outubro. De lá para cá, a instituição foi invadida pelo menos outras cinco vezes. A mais recente foi na quarta-feira (5). Linck destaca que a sequência de roubos tem dado muito prejuízo à instituição, que atende cerca de 511 alunos. 

– Começou com fios de luz, agora chegamos ao ponto de roubarem as fiações, a parte de cobre, dos ares-condicionados, está bem complicado. É muito triste, porque acabamos perdendo verba da escola que poderia ser investida em melhorias na infraestrutura, para os alunos, com material, atividades, viagens, assistência pedagógica, e até em comida para os alunos, mas acabamos tendo que investir novamente em materiais de instalação elétrica. É uma situação triste para nós, para a comunidade carente que atendemos na escola – lamenta Linck.


Foto: Rian Lacerda (Diário)


Os furtos, que se concentram em materiais metálicos, têm provocado uma verdadeira reviravolta na rotina financeira da escola. Com 511 alunos matriculados, o orçamento da Pão dos Pobres é restrito e depende basicamente de repasses municipais e federais. O diretor da instituição reforça que a verba, que segundo ele já é limitada, já não é o suficiente para cobrir os gastos com a manutenção e conserto da imóvel.

– Recebemos pouca verba. Recebemos o Crodae, da prefeitura, e recebemos o PDDE, uma verba federal, que é duas vezes por ano. E são valores pequenos para a manutenção da escola, que é grande, com 511 alunos. Do PDDE, recebemos, mais ou menos, R$ 12 mil, só que ele é dividido em duas partes, então essa questão é bem complicada. Fora os outros fornecedores, porque temos que manter a escola aberta e com material para termos, pelo menos, as aulas e ajuda aos professores com os recursos pedagógicos. Então, impacta bastante mesmo – conta Kieling.
O diretor da escola detalha que os crimes se repetem mesmo após reforços improvisados na segurança e que os prejuízos já ultrapassam a reposição de equipamentos. Além de ar-condicionado e freezer danificados, o sistema elétrico da unidade foi afetado e, ao invadirem o local, os ladrões também quebram janelas e portas

– No domingo, eles entraram por volta das 19h40min, subiram pelo portão da frente e acabaram furtando cabos de um motor de um ar-condicionado que tínhamos reservado para colocar no lugar desses que foram furtados. Furtaram cabos de um freezer, também. Geralmente procuram cabos de cobre para levar. Chegamos segunda, estava tudo uma bagunça, e estávamos sem luz no portão. Ontem (quarta), o mais recente, furtaram o cabo de energia da rua, que dá energia para todo o prédio – relata o diretor.

Os danos comprometem diretamente o ambiente de aprendizado. Conforme os relatos, embora não tenha sido necessário, até o momento, cancelar as aulas devido à falta de energia ou ar-condicionado, isso se deu, especialmente, porque os furtos ocorreram em outubro, um mês com temperaturas amenas. Entretanto, o diretor não descarta a possibilidade de que as aulas sejam interrompidas no verão.

– Agora, com o verão chegando, a probabilidade de termos que cancelar alguma aula é grande, porque não temos condições de terminar o serviço, visto que estamos no processo de colocar e consertar os ares-condicionados. Tentamos colocar os equipamentos para dentro da escola, mas os bandidos entraram. É bem complicado. Eles entram, quebram vidros, portas. Arrombaram as portas e furtam. O impacto financeiro é bastante grande – relata Kieling.


Foto: Rian Lacerda (Diário)


Cronologia dos furtos

De acordo com registros feitos por docentes da escola, a sequência de crimes teve início em 5 de outubro, com o furto de fiação e cabos de energia, o que causou interrupção no fornecimento elétrico e prejuízos à rede interna. Dois dias depois, em 7 de outubro, a instituição voltou a ser alvo de criminosos, que novamente levaram cabos de cobre. Em 19 de outubro, o furto de tubos de cobre da rede de gás e de torneiras provocou vazamento e risco à estrutura da edificação

O problema se repetiu em 28 de outubro, quando novos cabos foram levados. A invasão de domingo (2) foi a mais destrutiva, conforme os relatos. Os criminosos cortaram os cabos do portão de entrada, desabilitando o sistema de acesso, e invadiram o pátio da escola. O caso mais recente ocorreu na quarta (5), com o furto de cabos de energia, o que comprometeu o fornecimento de energia elétrica na escola.


O que diz a prefeitura

Além dos prejuízos materiais, há preocupação com a segurança. Desde a primeira invasão, a direção da escola tem pedido apoio à Guarda Municipal, especialmente nos fins de semana, quando o prédio fica mais vulnerável. O diretor confirma que a Guarda Municipal passou a fazer mais rondas no local, como já havia sido informado à reportagem pela Secretaria Municipal de Educação. Além do pedido de apoio ao Executivo, todos os furtos foram registrados na Polícia Civil. 

Na terça-feira, a Smed informou que acompanha o caso de perto e que solicitou apoio da Secretaria de Segurança e Ordem Pública. Segundo o órgão, a Guarda Municipal vai ampliar as rondas de vigilância no entorno da Emef Pão dos Pobres para coibir novas ocorrências.

A reportagem solicitou novamente posicionamento à Secretaria de Educação sobre as medidas de segurança e o apoio solicitado pela direção da escola. Até a publicação desta matéria, a pasta não havia retornado.

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