Foto: Gilberto Ferreira
Incêndio na vegetação da RSC-287, na Faixa Nova de Camobi, na última sexta-feira (10)
Janeiro ainda não chegou na metade, mas já se sobressai com aumento de 84% na incidência de focos de incêndio em Santa Maria. A maioria em vegetação seca localizada às margens de ruas e rodovias. Conforme o Corpo de Bombeiros, pequenas ações, como jogar bitucas de cigarro na grama desidratada, podem ser cruciais para o começo do fogo.
Dados do 4º Comando Regional de Bombeiro Militar contabilizam, de 1º a 12 de janeiro deste ano, 35 princípios de incêndios, contra 19 casos em dezembro de 2024. Conforme o coronel José Carlos Sallet, comandante do 4º Comando Regional de Bombeiro Militar, a falta de chuva e a exposição da vegetação ao sol forte podem agravar o cenário.
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Considerando este contexto, outros fatores naturais, como o vento e até mesmo a espécie de plantas comuns no Bioma Pampa, ajudam na propagação das chamas. O fato foi explicado pelo coronel em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade! da Rádio CDN 93.5 FM desta segunda-feira (13):
– O incêndio nunca começa grande. Por isso, o combate tem que ser feito mesmo num pequeno foco. Pois ele se torna grande se não tiver controle – afirmou.
Recorrência de casos
A circunstância mencionada pelo coronel José Carlos Salle é ilustrada por situações que ocorreram na última semana, no município. Na última quinta-feira (9), em menos de 24 horas, o Corpo de Bombeiros atendeu três ocorrências de focos de incêndio em um mesmo trecho da RSC-287, a Faixa Nova de Camobi. Em todas as vezes, a vegetação estava em chamas e foi necessário deslocar uma guarnição para cada um dos atendimentos.
No mesmo dia, a reportagem do Diário esteve no local e ouviu relatos dos bombeiros que disseram acreditar na possibilidade de uma bituca de cigarro arremessada ter gerado o incêndio. Essa imprudência, aliada ao dia quente e ensolarado, fez com que as chamas se espalhassem rapidamente pela grama seca. No dia seguinte, a situação se repetiu e novamente o fogo voltou.
Como aconteceu nesses casos, grandes nuvens de fumaça podem tomar conta de rodovias e exigir atenção redobrada dos motoristas para evitar acidentes. Mas as consequências vão além: destruição da fauna e da flora e risco de vida para o ser humano.
Possíveis causas
Diferente de outros locais do país, como a Amazônia, os incêndios registrados às margens de rodovias do Rio Grande do Sul não têm - por vezes - intenção por parte de quem o provocou. Isso porque, na maior parte dos casos, o que ocorre é a imprudência do cidadão que joga restos de cigarro ou resolve queimar seu lixo, como explicou o coronel Sallet:
– É muito mais comum no nosso Estado que os incêndios sejam de pequenas queimadas que saem do controle. A maioria é oriunda de “causas naturais”, ou seja, não tem ação humana direta, mas secundária.
Mesmo que culposo, ou seja, sem a intencionalidade, provocar incêndio em mata ou floresta é crime e pode levar a detenção de seis meses a um ano, além de multa. Se for doloso (intencional), a pena é maior: de dois a quatro anos de prisão, e multa.
Cuidados para evitar focos de incêndio
- Não jogar lixo ou entulhos às margens da rodovia. Vidros e espelhos, especialmente, favorecem a incidência de incêndios
- Não jogar bituca de cigarro pela janela do veículo
- Evitar o uso do fogo para limpeza de terrenos e queima de lixo
Me deparei com o fogo, e agora?
Em caso de avistar focos de incêndio, a recomendação é avisar os bombeiros pelo telefone 193. O alerta é válido mesmo se só a fumaça estiver presente, a fim de evitar alastramento.
A presença dessa também pode afetar a visibilidade dos motoristas. Por isso, alguns cuidados são recomendados:
- Manter os vidros do veículo fechados
- Reduza a velocidade, manter distância segura do veículo à frente e evitar frenagens bruscas
- Manter o farol baixo ligado