Defasagem salarial, crise de efetivo e sucateamento: sindicato convoca paralisação de policiais civis do Estado nesta terça

Defasagem salarial, crise de efetivo e sucateamento: sindicato convoca paralisação de policiais civis do Estado nesta terça

Foto: Joana Berwanger/Ugeirm

Em outubro, Palácio da Polícia em Porto Alegre foi interditado simbolicamente, para denunciar descaso do governo

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realiza nesta terça-feira (11) uma paralisação estadual, convocada pela Ugeirm, sindicato que representa escrivães, inspetores e investigadores. A mobilização busca pressionar o governo do Estado pela inclusão da revisão geral dos salários dos servidores públicos, de 15,2%, no orçamento de 2026, além de reivindicar melhores condições de trabalho e infraestrutura.

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Em entrevista ao programa Bom Dia Cidade, da Rádio CDN, nesta segunda-feira (10), o vice-presidente da Ugeirm, Fábio Castro, explicou que esta será a primeira paralisação do ano, após meses de tentativas frustradas de diálogo com o governo.

– A gente fez uma série de mobilizações ao longo do ano, mas até o momento não obteve nenhum avanço no sentido de uma abertura de diálogo por parte do governo. Então, resolvemos fazer essa mobilização para chamar atenção da situação em que a Polícia Civil se encontra e tentar abrir um espaço de interlocução – afirmou.

Segundo Castro, o pleito central da categoria é a revisão geral anual dos salários, prevista na Constituição, mas que, segundo ele, não vem sendo aplicada de forma regular.

– Durante os dois mandatos, isso só foi feito uma vez. A gente está com uma defasagem salarial muito grande. O regime de recuperação fiscal permite um reajuste de até 15,2%, e é isso que estamos reivindicando: uma revisão geral nesse índice para amenizar as perdas ao longo dos anos – destacou o dirigente.


Serviços parcialmente mantidos

Durante a paralisação, os policiais civis permanecerão nas delegacias, mantendo apenas os serviços essenciais.

– A orientação é que a categoria permaneça no local de trabalho, cumprindo aquilo que for essencial e que está previsto no Código de Processo Penal. A gente sabe que os agentes fazem muito além do que está previsto nas suas atribuições e excedem muito a sua carga horária. Então se a gente se restringir a fazer apenas aquilo que está nas nossas atribuições, já vai haver impacto no funcionamento da Polícia Civil – explicou Castro.

A Ugeirm também orienta que os agentes dialoguem com a população e a imprensa sobre as razões da mobilização.


Sucateamento e evasão de profissionais

O dirigente sindical destacou ainda a precariedade das estruturas policiais e a saída crescente de profissionais da corporação.

– Estamos vivendo um processo muito duro de sucateamento. Tivemos que interditar simbolicamente o Palácio da Polícia porque chove dentro, há risco de desabamento. Isso se repete em várias delegacias pelo Estado – relatou.

Ele também chamou atenção para a falta de PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios) em unidades policiais:

– Nenhuma delegacia do Estado tem PPCI. A Primeira Delegacia de Santa Maria, que fez o inquérito da Kiss, não conta com o documento.

Segundo Castro, as condições precárias de trabalho e os baixos salários têm provocado um número crescente de exonerações.

– Só este ano foram 45 policiais civis que se exoneraram. Parece um número pequeno, mas não é. Vivemos uma crise de efetivo em todo o Estado. O policial é formado com dinheiro público e, quando desiste, é a sociedade que perde esse investimento – completou.


Próximos atos

A paralisação desta terça-feira será o início de uma série de mobilizações planejadas pela Ugeirm até o fim do ano. Entre as ações previstas estão uma carreata em Porto Alegre, protestos em agendas públicas do governador Eduardo Leite e uma Marcha da Polícia Civil ainda sem data definida.

– O governo comemora a queda nos índices de criminalidade, mas esquece de falar sobre as condições de trabalho e o número muito grande de exonerações – concluiu Castro.


Confira a entrevista completa

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