“A violência doméstica não vai ser vencida só com polícia e Judiciário”, alerta secretária estadual da Mulher em discurso na Câmara de Vereadores

A secretária estadual da Mulher, Fábia Richter, fez um alerta sobre o avanço da violência doméstica e dos feminicídios no Rio Grande do Sul, especialmente em períodos de feriados prolongados. Em entrevista ao Bom Dia, Cidade!, da Rádio CDN, pediu o engajamento da comunidade para a prevenção e o enfrentamento do problema, com atenção redobrada no fim do ano. O apelo foi estendido, também, aos parlamentares durante fala na Câmara de Vereadores. A secretária esteve em Santa Maria na última semana. 

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Fábia destacou que a Secretaria Estadual da Mulher retomou suas atividades após 11 anos da extinção do órgão. Segundo ela, apesar de políticas públicas terem sido mantidas ao longo desse período, a recriação da pasta ocorre em um cenário alarmante: já são 79 feminicídios registrados em 2025 no Rio Grande do Sul – de acordo com o Observatório de Feminicídios Lupa Feminista. Desse total, cerca de 70% das vítimas não tinham boletim de ocorrência por violência doméstica, o que, conforme a secretária, evidencia o medo, a insegurança ou a falsa percepção de que a situação não chegaria a um desfecho fatal.

– Ou elas não se sentiam seguras para denunciar ou achavam que não estavam em risco, que não iriam morrer – afirmou a secretária.

A secretária citou o feriado da Páscoa como exemplo do agravamento do problema em datas prolongadas. Na ocasião, foram registrados 11 feminicídios, sendo seis deles apenas na Sexta-feira Santa.

– Finais de semana, feriados e até depois de jogos de futebol são momentos em que a violência doméstica aumenta. Na Páscoa, tivemos um feriado de cinco dias. Agora, teremos novamente cinco dias de festas, duas vezes seguidas. Ou seja, estamos com um risco dobrado – declarou.

Diante desse cenário, a secretária pediu o apoio dos vereadores e vereadoras na divulgação da campanha estadual “Não maquie, denuncie”.

– A violência doméstica não vai ser vencida apenas com polícia e Judiciário. É preciso que as pessoas se preocupem com os outros – reforçou.

Confira a campanha:

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“Em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim”

A secretária também foi enfática ao falar que “em briga de marido e mulher, se mete a colher”, em referência ao antigo ditado popular. Nesse sentido, Fábia defendeu a intervenção de terceiros em situações de agressão:

– Nós vemos pessoas ouvindo gritos, vendo brigas, e ainda assim achamos que não precisamos interferir. Mas estamos perdendo muitas vidas”, alertou.

Ela também abordou as consequências da violência para além da vítima direta:

– Não são só as mulheres que morrem. São filhos que ficam sem mãe, com o pai preso, ou crianças que sofrem violência porque o pai quer agredir a mãe. A violência doméstica é um contexto social patológico, que adoece famílias inteiras – completou.

Maior risco em municípios menores

Fábia Richter também chamou atenção para a maior vulnerabilidade das mulheres que vivem em municípios de menor porte. De acordo com estudos da Secretaria, cidades pequenas concentram índices mais elevados de feminicídio, em razão da dificuldade de acesso a serviços, do medo da exposição e da vergonha em denunciar. Nesse contexto, ela destacou o papel de Santa Maria como liderança regional na disseminação de informações e políticas de proteção às mulheres nos municípios vizinhos:

– Que a liderança de Santa Maria nos ajude a fazer essa mensagem chegar aos municípios pequenos.

Denuncie!

• Central de Atendimento à Mulher – 180
• Direitos Humanos – 100
• Centro de Referência da Mulher (CRM) – (55) 3174-1519 e (55) 99139 4971 (WhatsApp)
• Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) – (55) 3174-2252
• Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) – (55) 3174-2225
• Patrulha Maria da Penha (Brigada Militar) – 190
• Guardiões Maria da Penha – 153 (Ciosp)

Agenda em Santa Maria

A secretária estadual da Mulher, Fábia Richter, cumpriu agenda em Santa Maria na última terça-feira (16). No início da tarde, ela foi recebida pelo prefeito Rodrigo Decimo (PSD) e pela vice-prefeita Lúcia Madruga (Progressistas), em reunião voltada ao alinhamento de campanhas de enfrentamento à violência de gênero. No encontro, Richter destacou a intenção do Estado de ampliar vagas de acolhimento e implantar, futuramente, o Centro de Referência da Mulher Gaúcha em Santa Maria, com atendimento também aos municípios vizinhos.

Na sequência, a secretária participou de reunião no auditório da Estação Sicredi, que reuniu lideranças locais e regionais para discutir a articulação de políticas públicas de proteção, garantia de direitos e promoção da autonomia econômica das mulheres. Na ocasião, Fábia ouviu demandas da região central e sinalizou caminhos para qualificar o atendimento às mulheres em situação de violência.