"Agora sim ficou concretizado que Rodolfo também é uma vítima", diz advogado do motorista que dirigia ônibus da UFSM no acidente de Imigrante após o laudo pericial

Foto: Beto Albert

Registro do depoimento em Santa Maria. Advogado Barreiro à dir., e ao seu lado o motorista Rodolfo Bopp.

A defesa do motorista ​Rodolfo Boppque conduzia o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que caiu de um barranco em Imigrante, no Vale do Taquari,  vê um novo caminho da investigação do caso, após os primeiros laudos periciais de Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontarem falha nos freios como uma das causas de acidente. Em entrevista no programa 'Bom Dia, Cidade!, da Rádio Central Diário de Notícias (CDN), 93.5 FM, o advogado Flávio Barreiro acredita que pela primeira vez o motorista possa ser tratado como vítima do acidente, e não suspeito. 


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O advogado relembra que durante o depoimento 1ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, Bopp teria sido ouvido como suspeito, algo que o próprio motorista teria discordado. Depois dos laudos, o cenário teria mudado, acredita:

– Rodolfo foi ouvido como suspeito, o que deixou ele muito traumatizado, muito traumatizado mesmo, porque o Rodolfo entende que ele também é uma vítima. Ele, inclusive, falou com o delegado que a única pessoa que está sendo ouvida como suspeito era ele. Reafirmando que ele se entendia como vítima. Então, com esse pronunciamento do delegado e com resultado do laudo do IGP, entendo que agora sim ficou concretizado que o Rodolfo também é uma vítima.


A partir disso, Barreiro afirma a posição do seu cliente sobre sua conduta frente à falha de freios. Em suas palavras:  

– Não há como se afirmar a existência de falha humana nesse sentido. Quando tu não tem o dispositivo, o freio mecânico, não há como o Rodolfo ter tido outra alternativa, não existia. Não encontrando o freio, Rodolfo buscou salvar o maior número de vidas possível.

O motorista 

Barreiro ainda fala do alívio do motorista após o resultado do laudo apontar uma falha mecânica nos freios, particularmente, no lado esquerdo da roda traseira, que apresentava desgaste excessivo, com as zonas de atrito praticamente no fim. O problema é encarado pelo delegado responsável pela investigação, José Romaci Reis como uma das causas do acidente, o que levou o ônibus a descer a Serra sem controle. 


– Essa perícia do IGP constatou um defeito uma falha mecânica nas zonas de freio e demais componentes do sistema mecânico, e isso trouxe um certo alívio para o Rodolfo, porque ele estava angustiado. Ele tinha certeza do que estava fazendo naquele momento. Já havia sido constatado que o pessoal que estava fazendo um serviço na estrada viu as luzes de freio, ou seja, o freio estava sendo acionado. Isso significava que o Rodolfo estava buscando alternativa no freio ali e o freio não funcionou. Então, isso trouxe um alívio pro Rodolfo nesse sentido – detalha Barreiro, sobre o impacto do laudo para seu cliente.

Ainda conforme o advogado, o motorista teria feito inúmeras viagens para Serra Gaúcha com o ônibus envolvido no acidente. Nas ocasiões, Bopp teria dito que não percebeu anormalidade no veículo, mas confirma que colegas já haviam constatado algumas situações desse tipo (problemas nos freios). 


Segue a investigação 

Ainda assim, o delegado Reis já indicou que novos laudos técnicos serão realizados, como no caso do disco do tacógrafo. O dispositivo deve indicar a velocidade do ônibus nos últimos quatro quilômetros de trajeto. A intenção é saber qual era a velocidade quando o veículo começou a descer a serra e qual o pico de velocidade pouco antes de sair da pista e cair no barranco. Reis também estuda a possibilidade de realizar uma nova perícia no ônibus para verificar outras possíveis irregularidades que não puderam ser esclarecidas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) devido à falta de equipamentos adequados. 

O delegado afirmou que, até o momento, não há definição sobre quem será indiciado no caso, e que ainda faltam ser ouvidos dois motoristas e duas vítimas do acidente. 

Ouça na íntegra

O Acidente

O ônibus da UFSM transportava 33 pessoas do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico da UFSM para uma visita técnica ao Cactário Horst, em Imigrante, quando tombou em um declive de aproximadamente 100 metros. Sete estudantes morreram e 26 ficaram feridos. Dois seguem internados.


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