Foto: Rian Lacerda
Os ônibus do transporte coletivo urbano voltaram a circular em Santa Maria nesta terça-feira (23), após mais de sete horas de paralisação total. O serviço havia sido interrompido desde as primeiras horas do dia, afetando 100% das linhas e deixando cerca de 60 mil usuários sem atendimento em diferentes regiões do município, segundo a Associação dos Transportadores Urbanos .
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A decisão foi comunicada aos trabalhadores pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários (Sitracover), Rogério da Costa, na concentração em frente ao Expresso Medianeira. Segundo ele, há um acordo para pagamento do vale alimentação até quarta-feira (24). Os outros 50% da quinzena salarial também serão pagos, mas na sexta-feira (26).
O prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (PSD), informou que o Executivo municipal, por meio da Secretaria da Fazenda, empenhou R$ 2 milhões de subsídio para repasse ao sistema de transporte coletivo do município. Desse total, cerca de R$ 500 mil devem ser transferidos já nesta terça-feira. A previsão é que o restante seja repassado até o final do mês.
Entenda
A paralisação foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários (Sitracover) e teve como principal motivação atrasos e pagamentos parciais de direitos trabalhistas, como vale-alimentação e parte da quinzena salarial. O ato também ocorreu em meio a um cenário de dificuldades financeiras enfrentadas pelas empresas concessionárias, que alegam falta de repasses regulares por parte da prefeitura ao Sistema Integrado Municipal (SIM).
Durante a manhã, o impacto foi percebido principalmente em áreas mais afastadas do Centro, como na zona oeste. Na Avenida Paulo Lauda, no Bairro Tancredo Neves, paradas de ônibus registraram movimento irregular, com usuários aguardando informações ou buscando alternativas para se deslocar, enquanto outras permaneceram vazias diante da incerteza sobre a retomada do serviço.
A Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU) confirmou que a paralisação foi integral e reiterou que a situação é consequência da inadimplência do poder público com o sistema. Segundo a entidade, os atrasos nos subsídios se acumulam desde abril de 2025, comprometendo o fluxo de caixa das empresas justamente em um período de queda na arrecadação, causada pela redução no número de passageiros durante as férias escolares e universitárias.
Ainda conforme a ATU, o repasse de R$ 1,5 milhão feito pela prefeitura na última sexta-feira (19) foi insuficiente para cobrir todas as obrigações do mês, que incluem salários, 13º, vale-alimentação e encargos trabalhistas. A entidade também reforçou que a decisão pela paralisação coube exclusivamente ao sindicato dos trabalhadores.
Apesar da retomada do serviço, o cenário segue instável. O Sitracover já sinalizou que projeta um início de 2026 marcado por tensão nas tratativas por reajuste salarial, com possibilidade de mobilizações a partir de fevereiro.