crime passional

“Que a verdade seja esclarecida e a honra do meu irmão não seja manchada” diz familiar de homem morto na casa da ex-companheira

“Que a verdade seja esclarecida e a honra do meu irmão não seja manchada” diz familiar de homem morto na casa da ex-companheira

Arquivo pessoal (Divulgação)

Felipe a esquerda com a mãe Jane e o irmão William a direita

O título da matéria é parte da fala de William Moraes, irmão de Felipe De Moraes Rita, morto a facadas na madrugada de 24 de abril na casa da ex-companheira. No domingo (30), foi realizada a missa de 7º dia do falecimento. A família, ainda abalada com a brutalidade do crime, pede Justiça e que tudo que aconteceu naquela madrugada seja esclarecido. Eles contrataram um advogado para atuar como assistente de acusação. Em uma entrevista exclusiva ao Bei, William conta o que presenciou na noite do crime. Para o irmão de Felipe, o maior desejo é que a verdade seja esclarecida.

- Que a honra do meu irmão não seja manchada pelo próprio sangue dele. Quem souber do que realmente aconteceu, vai saber o que eu "tô" sentindo. Aquilo que eu tive que assistir (vídeo do crime), aquilo que eu tive que contar para minha mãe que aconteceu. Eu ainda não sei dizer exatamente o que eu "tô" sentindo. E quero que a verdade seja dita, porque a grande mágoa da minha mãe nesse momento, apesar da perda do filho, é ler e escutar o que as pessoas estão achando do meu irmão, que ele fez alguma coisa que ele não fez - relata William.

Ele faz um desabafo sobre o que aconteceu:

- Muita gente fala sobre ele ter ido procurar ela de madrugada, mas quase ninguém sabe que, depois que eles terminaram e ele saiu de casa, ela foi pelo menos quatro vezes no apartamento dele, que eles almoçaram juntos. Ele estava sofrendo com o término do relacionamento, saiu, bebeu e depois que ficou com o carro preso em um estacionamento, pediu ajuda para amigos, mas não conseguiu um lugar para dormir. Daí, ele foi na casa dela procurar abrigo e foi quando tudo aconteceu. Ela me ligou de madrugada, mas em momento algum ela me disse que era para eu ir lá levar ele embora porque estava com alguém (atual companheiro) - conta o irmão.

William diz que só ficam boas lembranças e que o irmão sempre foi uma boa pessoa com os filhos e com a família.

- Ele era um exemplo de pai, um exemplo de filho. Ontem à noite, o filho dele me disse em uma crise que o pai dele era o único que entendia ele. A filha dele que viveu alguns anos longe dele, passou a dizer que amava o pai. Ele estava muito feliz com o nascimento da neta e morreu dias antes da neta nascer. A gente perde um ser humano maravilhoso, e um pai ainda mais - desabafa o irmão.

A dor de uma mãe

Em sua rede social, Jane Rita, mãe de William e Felipe, fez uma postagem falando do momento que está vivendo e que a lembrança do filho será eternizada:
"Meu filho amado morreu por um amor. Por este mesmo amor te tiraram a vida da forma mais fria, covarde e violenta que alguém possa imaginar. A dor infinita da tua mãe vai eternizar junto contigo, mas acredite meu menino, minha vida de hoje em diante será para cuidar dos teus filhos e lutar com todas as minhas forças para que teu nome e tua memória sejam respeitados pelas mesmas pessoas que hoje, sem te conhecer e sem saber a verdade, te julgam.
Um feminicídio é quando a pessoa significa uma ameaça, e você não era isso e nunca foi. Legítima defesa? Não, você morreu de braços abertos, sem nenhuma arma nas mãos e isso vai ser provado eu te prometo!"

Acusação

O caso é investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) da Polícia Civil. Além do suspeito, algumas testemunhas já foram ouvidas. O advogado Bruno Seligman de Menezes foi contratado pela família para trabalhar como assistente de acusação e acompanha de perto todas as movimentações do caso.

- Nós estamos acompanhando esse crime desde o momento em que ele aconteceu. Estamos com muita serenidade, muita tranquilidade, permitindo que a polícia investigue dentro das suas linhas. As investigações mostram que não houve legítima defesa de maneira alguma. Houve uma situação que pode ter sido motivada por um conflito decorrente de um término de um relacionamento. Tanto que não havia terminado. É importante que se diga porque nos últimos dias, nos dias que antecederam essa tragédia, pelo menos quatro vezes o casal esteve junto no apartamento do Felipe, o que não justifica qualquer postura do Felipe em ter ido até a casa e forçado uma entrado de madrugada. As provas que existem até o momento dão conta que o Felipe não estava buscando uma retomada do relacionamento, não estava buscando uma aproximação, porque essa aproximação nunca deixou de existir. Dois dias antes, eles haviam almoçado juntos no apartamento dele. O que o Felipe estava buscando era um pouso, era um teto, porque ele havia ficado fora de casa, seu carro preso no estacionamento e ele havia pedido socorro para uma amiga que não lhe atendeu. Daí, ele resolveu procurar a sua ex-companheira, onde eles mantinham um relacionamento, e chegando lá, ele não foi recebido e teve esse tratamento hostil. A invasão da casa, o conflito, tudo isso não está correto e mereceria ser apurado, mas não foi dado ao Felipe o direito de responder por suas ações, porque o Felipe não foi apenas morto, ele não foi apenas assassinado. O Felipe foi massacrado. O Felipe foi sacrificado, ele estava sem qualquer arma nas suas mãos e ele foi objeto de inúmeras facadas, inclusive quando não tinha mais defesa alguma - afirma o advogado.

Legítima defesa

O advogado Christiano Pretto foi contratado pelo acusado para trabalhar na defesa. Ele alega que o cliente agiu em legítima defesa:

- Nós protocolamos junto à Delegacia de Homicídios um requerimento para que tenhamos acesso às imagens das câmeras, as quais filmaram um pouco do que aconteceu na noite do fato. Meu cliente que é acusado já compareceu na delegacia voluntariamente para prestar seu depoimento. Trata-se de um rapaz que teve uma vida inteira sem ter qualquer problema com a justiça ou com a polícia. Estamos tratando de um homem que é réu primário ainda. Acreditamos que a tese defensiva será a legítima defesa, pois o que consta no inquérito até o momento é o que podemos chegar a essa conclusão - diz o advogado.

Confira abaixo a entrevista e os relatos completos do irmão de Felipe, William Moraes:

Bei: O que que aconteceu naquela noite?

William: Eu recebi uma ligação dela 1h30min da madrugada dizendo que o meu irmão estava precisando de ajuda, que ele tinha ficado sem carro, sem chave da casa e que ela (ex-companheira) não tinha condição de ajudar. Eu fiz contato com ele. Ele me disse que o carro dele tinha ficado trancado no estacionamento, que ele estava sem a chave de casa e que não adiantava tentar fazer nada, porque o filho usa aparelho e não ia escutar interfone. E que ele ia resolver. Que ia dar um jeito de ficar em algum lugar. Nesse momento, eu tento novamente contato com ele. Ele disse que era para eu dormir, que era para eu ficar tranquilo e que ele ia resolver. Passados alguns minutos, eu recebo a ligação dela dizendo que ele estava lá na casa dela. Aí, eu perguntei: "o que eu faço?". E ela disse: "não sei, conversa com ele". Falei, se ele não quiser, manda ele embora. E se ele não quiser ir embora, chama a polícia. Se ele está te incomodando, chama a polícia. Em nenhum momento, ela falou que ela tinha alguém com ela. Em nenhum momento, eu soube do risco que ele estava correndo e que aquela situação ia ter chance de acontecer.
Depois de alguns minutos conversando com ela e conversando com ele no telefone, ela disse que não queria chamar a polícia porque ia passar vergonha com os vizinhos. Infelizmente, depois disso eu recebo uma foto no meu telefone de uma porta arrombada. Nesse momento, eu pego o telefone e chamo a polícia, para que eles fossem até lá para ver o que estava acontecendo. Eu disse para ela: "eu chamei a polícia por ti, como eu faria para qualquer mulher".
E aí, eu desligo o telefone, tento novamente contato com meu irmão, e ele me disse: "já saí, eu estou indo embora". E aí, eu me tranquilizei. Apesar da confusão, ele estava indo embora. Cerca de 5 a 10 minutos depois eu recebo a ligação dela dizendo: "William, vem para cá". Eu pergunto: "está tudo bem?". Ela diz: "Só vem para cá". Chegando lá, ela está parada na frente da casa e eu pergunto: "cadê meu irmão? Fugiu?" Ela diz: "não, está aqui deitado". Eu achei que iria encontrar meu irmão fazendo birra de um homem com saudade, um homem que foi procurar abrigo. E acabo encontrando o corpo do meu irmão morto com um monte de facadas. Eu vi uma faca próxima ao corpo dele e perguntei: "foi tu que fez isso?" E aí que eu descobri que tinha alguém com ela. E ainda a minha primeira pergunta foi: "se houve uma briga, se foi legítima defesa, esse cara não pode fugir". Eu me preocupei com uma legítima defesa e hoje descubro que nada disso é verdade. Assisto a morte brutal e covarde do meu irmão. Ele foi provocado a entrar na casa de volta.

Bei: O que o vídeo mostra?

William: No vídeo, o cara (suspeito do crime) atira uma pedra nele. Ele se vira de costas, e ele começa a esfaquear meu irmão. O Felipe está no chão e ele agride meu irmão diversas vezes. Uma brutalidade que ninguém nunca viu. Na frente dos vizinhos, na frente dela. Depois que isso acontece, ele ainda volta lá dentro da casa, pega outra faca e assassina ele com uma facada no coração.

Bei: Ela (ex-companheira) fez alguma coisa para impedir o crime?

William: Não que a gente saiba e é isso. Tem que ser bem esclarecido. Muita gente tem coisa para falar. E quando eu questionei ela sobre o que tinha acontecido, a resposta foi: "eu tô em choque".

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