
Foto: Reprodução
Advogado Andrei Nobre (à esq.) e Rebeca Canabarro (à dir.) que atuam na defesa da mãe de Isabelly
A defesa de Elisa Carvalho de Oliveira, 36 anos, mãe da menina Isabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos, morta na última quinta-feira (8), prestou uma coletiva de imprensa no fim da tarde desta quarta-feira (14). De posse do laudo na necropsia feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) no corpo da menina, os advogados Rebeca Canabarro de Matos e Andrei Nobre reforçaram que a menina morreu em decorrência de uma infecção generalizada. Além disso, entraram com o pedido de liberdade de sua cliente.
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Sobre o resultado da perícia feita na menina, os advogados reforçaram informações que já haviam sido divulgadas pelo Bei, apontando que Isabelly chegou no hospital com um quadro considerado "médio" de otite e o quadro evoluiu de forma rápida. Depois disso, conforme a defesa, a menina teria sido contaminada por uma bactéria, que agravou o seu estado de saúde, resultando em uma infecção generalizada. Não há identificação de sinais de agressões, nem violência sexual.
– Ela é uma sepse generalizada. Conforme consta no laudo, um caso até considerado raro. Foi um infortúnio da vida dessa criança, que nada tem a ver com estupros, muito menos com maus-tratos – afirma a advogada.
O estupro de vulnerável, conforme explica a defesa, é um tipo penal misto, porque pode se configurar por toques "inapropriados" em adolescentes de até 14 anos ou pela própria penetração:
– O laudo ginecológico aponta que o hímen da menina estava intacto, portanto não houve estupro de vulnerável por meio de atos libidinosos. O vestígio de sangue no órgão genital era referente a menstruação – reforça a defensora.
Outro ponto reforçado pela defesa é que consta no laudo do IGP uma menção a uma "pequena lesão na costela de Isabelly, que seria resultado de uma manobra de reanimação por parte da equipe médica, quando a menina estaria em uma parada cardíaca, e não resultado de uma violência":
–Essas alegações de violência não prosperam. Não foram identificados politraumatismo ou qualquer outro indício de violência física ou sexual. Para deixar claro, a acusação de abuso sexual é inverídica.
Como foram os dias anteriores
No sábado (3), Isabelly começou a comunicar uma dor de ouvido. Elisa teria ido até a farmácia e comprou um remédio focado no tratamento de otite. A advogada Rebeca Canabarro relata que a nota fiscal do remédio foi incluída no inquérito.
No domingo (4), a menina teria ficado de cama e Elisa iniciou um tratamento caseiro, com chás e remédios. Na segunda (5), o quadro de saúde da menina começa a agravar, com dor de garganta. Na terça (6), Isabelly apresenta diarreia e sua mãe teria comprado fraldas.
Na noite de terça, conforme a advogada, Elisa teria percebido que o tratamento não estaria surtindo efeito e aviso o esposo. Assim, ela teria levado a menina, de táxi, para a Santa Casa de São Gabriel na quarta-feira (8) pela manhã.
– A acusação de maus-tratos por parte da polícia não se fundamenta em um possível espancamento e, sim, por uma suposta negligência dos pais em levar a menina ao atendimento médico. Reforço que Elisa é uma mulher de baixa instrução, cursou até a sétima série e prestou seu socorro baseado naquilo que achou adequado. Esse auto de prisão em flagrante por maus-tratos não se verifica – defende a advogada.
Quando Isabelly chegou no hospital, a equipe médica identifica que a menina apresentava insuficiência respiratória. Rebeca relata que a equipe médica teria identificado que havia uma lesão no órgão genital "a ser esclarecida":
– Percebemos que a equipe se divide: uma parte foca nos cuidados médicos, enquanto outra se preocupa com a possibilidade de um crime ter ocorrido. Em decorrência dessa suspeita, o Conselho Tutelar é acionado, que chama a polícia. Seria a partir disso que os pais são chamados para prestar esclarecimentos.
Supostos "toques inapropriados" do pai da menina não procedem, aponta defesa
Questionados sobre um suposto depoimento concedido por Elisa à polícia, no qual ela afirmaria que o pai da menina teria realizado "carícias suspeitas na menina", a advogada negou:
– Desde o primeiro momento que conversamos com Elisa, ela negou que tivesse ocorrido abuso por parte do pai de Isabelly. O pai abraçar sua filha ou colocá-la no colo não pode ser colocado em um contexto sexualizado. Elisa comentou conosco que, como a Isabelly estava ficando mocinha, ela teria alertado José que algumas condutas não seriam apropriadas mais. Houve afeto de um pai com uma filha, mas não um abuso, não que ela tenha visto maldade.
Além disso, os advogados reforçam que depoimentos coletados por conhecidos e de funcionários da escola da menina da família reforçam essa versão.
Próximos passos da defesa
A defesa conta que a primeira atitude foi solicitar uma nova transferência de casa prisional de Elisa. O local não foi informado. Também já foi solicitado o pedido de conversão da prisão preventiva em liberdade. A defesa aguarda um parecer por parte do Ministério Público para que a juíza responsável pelo caso decida pela soltura ou não da mãe da menina.
De acordo com a defesa, o inquérito deve ser concluído até sábado (17), quando o delegado responsável deverá apresentar um relatório final, com base no que apurou ao longo da investigação, indicando se deverá indiciar alguém ou não. Esse prazo não foi confirmado por parte da Polícia Civil.
José Lindomar também está preso. O local não foi informado. Ele é representado pela Defensoria Pública, que afirmou que não se manifestará neste momento.
– Neste ponto, atuamos em dois meios como defesa: em concessão da liberdade da nossa cliente e, em segundo lugar, buscar por esse não indiciamento de Elisa, para que seja reiterado que ela não teve responsabilidade pela morte de Isabelly – finaliza o advogado Andrei Nobre.
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