Sem dar muitos detalhes

"Estamos cientes dos roubos e já identificamos os autores" afirma chefe de gabinete do prefeito sobre sumiço dos bustos da Praça Saldanha Marinho

Autor: Bernardo Abbad e Maria Júlia Corrêa

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

Um mistério na Praça Saldanha Marinho chamou a atenção de quem circula pelo centro da cidade: onde estão os bustos do poeta Felippe D’Oliveira, do fundador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Mariano da Rocha, e do ator Leopoldo Fróes?

Foi justamente sobre esse assunto que Alexandre Lima, chefe de gabinete do prefeito, falou com o programa CDN Entrevista, da Rádio CDN 93,5 FM, na tarde desta terça-feira (9). Ele afirmou que a equipe está ciente dos furtos, que já possuem as imagens desses delitos e também que os responsáveis já estão sendo identificados.

— Temos na sociedade um pequeno número de pessoas que se submetem a vandalizar e roubar unidades de saúde, cemitérios, escolas…estamos em uma sociedade, na qual uma mínima parcela de pessoas se submete a isso para sustentar seus vícios, alimentar a sua casa ou também por instinto de violência. Independente da motivação, temos que enfrentar — fala.

Quando questionado sobre onde estão esses bustos e se eles já foram recuperados, o chefe de gabinete desconversou:

— Não tenho essas informações, não posso falar sobre isso, porque está em processo de investigação, uma investigação conjunta da Polícia Civil, Brigada Militar e Guarda Municipal.

Alexandre Lima confirmou a mesma informação dada pela secretária de cultura, Rose Carneiro, sobre as datas dos furtos: durante o mês de abril, nos preparativos para a Feira do Livro. Além disso, ele afirmou que a placa de Padre Caetano Pagliuca, furtada no Centro, já foi recuperada e será ajustada novamente em seu antigo lugar.

Figuras Históricas

O médico Antônio Manuel Mariano da Rocha, filho do fundador da UFSM, relata que o monumento do pai foi inaugurado em 1999. Para ele, o mistério envolvendo o desaparecimento afeta a estética e a memória de Santa Maria.

– A colocação do monumento foi uma iniciativa do prefeito da época, Osvaldo Nascimento. O Dr. Mariano é um marco para a educação do município. Ele começou o principal movimento de interiorização do Ensino Superior nas cidades. Então, quando soubemos, ficamos muito preocupados com esse problema de vandalismo na cidade e do país – declarou Antônio.

Natural de Santa Maria, Felippe Daudt de Oliveira foi jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor. Suas contribuições em diversas áreas renderam homenagens, que estão eternizadas em ruas e espaços literários brasileiros. Oliveira morreu em um acidente de carro em fevereiro de 1933, aos 42 anos. Já Leopoldo Fróes Nasceu em Niterói em 1882, foi um ator, compositor, letrista e cantor brasileiro. Fundou junto com outros atores, fundou o “Retiro dos Artistas”, uma associação que acolhe artistas idosos e funciona até hoje. Em comemoração aos 25ª aniversário da fundação da Escola de Teatro Leopoldo Fróes, a instituição ofereceu o busto do ator à cidade de Santa Maria.

O arquiteto e produtor cultural Luiz Gonzaga Binato conta que, ao encontrar a assinatura “V. Brecheret” no busto de Felippe D’Oliveira, em 2007 chegou a denunciar, em artigo do jornal “A Razão”, que se tratava de “uma joia desprotegida”.

– Brecheret idealizou-o como um poeta grego com planejamento Art Déco. Era provavelmente, desse escultor, o único trabalho na Região Sul. Em 2015, expus a ausência do famoso bronze. O prefeito na época, Cézar Schirmer, tranquilizou-me, apontando que a obra encontrava-se em reparo, no seu gabinete. Dias depois, estava Felippe na abertura da Feira do Livro. Agiram um gestor consciente e um cidadão vigilante. Desta vez, o desaparecimento será definitivo? – indaga Binato.

Valor

Para o colecionador de arte Marco Aurélio Birmann, o ocorrido trata-se da “crônica de uma tragédia anunciada”:

– Há anos nós debatemos a necessidade que se tinha de retirar o busto do Felippe d’Oliveira da praça. Devia ter sido feita uma réplica e a original devidamente guardada. Só estava faltando alguém com um pouco mais de coragem. O vândalo fez o trabalho dele, mas o Poder Público não, que era o de resguardar o monumento.

Uma obra do francês Victor Brecheret já chegou a ser arrematada por quase R$ 3 milhões recentemente, mas Marco Aurélio explica que o busto de Felippe D’Oliveira não tem valor porque ele é público e não pode ser vendido. 

Para o professor e historiador de arte José Francisco Alves, o principal valor é o cultural, que é inestimável. Ele aponta que é difícil mensurar um valor monetário, embora possa apontar algo em torno de R$ 150 mil.

– Como é uma obra única e conhecida, é difícil comercializar como tal. Então deve ser comercializado pelo valor do metal, que é irrisório. Provavelmente é um roubo para comércio de bronze – finaliza.

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