Polícia

"Achei que ia morrer. Foram três vidas destruídas, foi uma fatalidade", diz ex-companheira de homem morto a facadas

Foto: Mauricio Barbosa

A ex-companheira de Felipe De Moraes Rita, 38 anos, morto a facadas na madrugada de 24 de abril, quebrou o silêncio e decidiu se posicionar sobre o que, segundo ela, teria acontecido antes de Felipe ser esfaqueado pelo atual companheiro, Elson Dias Gonçalves, 31 anos, indiciado por homicídio duplamente qualificado pela Polícia Civil. Após a grande repercussão do caso, Ariane Sangoi, 37 anos, enviou uma "nota de esclarecimento" para a reportagem.

Polícia conclui inquérito e indicia autor de facadas por homicídio duplamente qualificado  

Conforme o relato de Ariane, Felipe teria invadido a residência dela na madrugada:

- Quem quer conversar não pula portão de madrugada e não quebra duas portas trancadas, arrancando até o marco da parede, conforme fotos de posse da perícia. Mas dentro de casa não tinha câmeras de vigilância (inclusive postas por ele por conta de ciúmes em 2022) e nem vizinhos, os mesmos que negaram ajuda quando Elson pediu socorro - afirma Ariane.

Ela relata que atendeu as ligações de Felipe porque eles têm "uma filha em comum":

- Recebi a primeira ligação 1h03min da madrugada. Atendi porque estávamos, sim, nos falando civilizadamente, temos uma filha em comum prestes a ganhar bebê e achei que pudesse ser alguma emergência nesse sentido. Porém, após constatar que Felipe estava alterado saindo de uma festa, não mais atendi às inúmeras tentativas, logo, comecei a receber áudios, repetitivos e estranhos.

Ariane garante que tentou contato com a mãe e o irmão de Felipe:

- Acionei a sua família (mãe e irmão). Não obtendo êxito ao falar com a mãe, segui em contato com o irmão (William), que acompanhou por telefone meu pedido de ajuda, desde as ligações e áudios, até o momento da invasão, que inclusive se negou inicialmente a ir até a minha casa.

A ex-companheira de Felipe diz ainda que ele teria um "ciúmes doentio":

- Estou sendo julgada porque entrei em choque, porque não conseguia abrir o portão, porque fiquei sem ação? Só quem é acordada sendo atacada violentamente como fomos dentro da própria casa de madrugada sabe o que passei e estou passando. Felipe tinha sim histórico de agressividade comigo por conta de ciúmes doentio, presenciado por amigos, inclusive na época. Tinha posse de armas e já tinha dito em outras ocasiões que me mataria se me visse com outra pessoa. O irmão dele disse em reportagem que eu estava me "encontrando" com Felipe de uma forma muito maldosa, nos vimos algumas poucas vezes sim, para resolver assuntos financeiros, mas não fui ao seu apartamento 4 vezes para almoçar como mencionou.

Por fim, ela diz que o caso "foi uma fatalidade" e que o atual companheiro agiu em legítima defesa:

- Eu achei que ia morrer, ele falava que ia nos matar e depois se matar. Foram três vidas destruídas, foi uma fatalidade, se o Elson não estivesse lá, eu poderia não estar falando agora. Eu tentei fugir do local e tirar o Elson de lá SIM. Os boatos são muitos, não teve discussão entre casal, fomos atacados, ele jogou a moto ligada do Elson na piscina para que não fugisse. Comecei sair com ele depois do término do meu relacionamento, inclusive Felipe já sabia. Não vou mudar nada no meu testemunho por conta de honra de família, foi legítima defesa sim.

O CASO

A Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) da Polícia Civil remeteu na manhã de quarta-feira, ao Ministério Público, o inquérito que investigou a morte de Felipe De Moraes Rita, 38 anos. O acusado, Elson Dias Gonçalves, 31 anos, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado. Felipe foi morto a facadas na madrugada de 24 de abril, na Rua Anaurelina Coden Portela, no Bairro São João, após um desentendimento entre ele e o acusado.
Gonçalves foi indiciado pelos agravantes da dificuldade de defesa da vítima e por motivo fútil. A investigação durou nove dias e ouviu pelo menos cinco pessoas, entre o acusado e testemunhas. Além dos depoimentos, junto ao inquérito, a polícia também remeteu um vídeo de câmeras de monitoramento da casa, que mostra o momento em que a vítima é esfaqueada.


O advogado de Elson Dias Gonçalves, Cristiano Pretto, alega legítima defesa:


- Nós protocolamos junto à Delegacia de Homicídios um requerimento para que tenhamos acesso às imagens das câmeras, as quais filmaram um pouco do que aconteceu na noite do fato. Meu cliente que é acusado já compareceu na delegacia voluntariamente para prestar seu depoimento. Trata-se de um rapaz que teve uma vida inteira sem ter qualquer problema com a justiça ou com a polícia. Estamos tratando de um homem que é réu primário ainda. Acreditamos que a tese defensiva será a legítima defesa, pois o que consta no inquérito até o momento é o que podemos chegar a essa conclusão - disse o advogado.

O CRIME

Felipe De Moraes Rita foi morto com golpes de faca por volta das 2h30min da madrugada de 24 de abril, na casa da ex-companheira. Eles haviam terminado o relacionamento há cerca de 20 dias, mas segundo familiares, seguiam tendo contato. Elson Dias Gonçalves estava na casa dela quando Felipe chegou ao local. Felipe foi morto com pelo menos oito facadas no pátio da casa. Após o crime, Gonçalves fugiu e se apresentou à polícia no dia seguinte.

DESABAFO DO IRMÃO

Em entrevista exclusiva ao Bei, William De Moares, irmão de Felipe, contou o que presenciou na noite do crime. Para ele, o maior desejo é que a verdade seja esclarecida.

- Que a honra do meu irmão não seja manchada pelo próprio sangue dele. Quem souber do que realmente aconteceu, vai saber o que eu "tô" sentindo. Aquilo que eu tive que assistir (vídeo do crime), aquilo que eu tive que contar para minha mãe que aconteceu. Eu ainda não sei dizer exatamente o que eu "tô" sentindo. E quero que a verdade seja dita, porque a grande mágoa da minha mãe nesse momento, apesar da perda do filho, é ler e escutar o que as pessoas estão achando do meu irmão, que ele fez alguma coisa que ele não fez - relata William.

Ele faz um desabafo sobre o que aconteceu:

- Muita gente fala sobre ele ter ido procurar ela de madrugada, mas quase ninguém sabe que, depois que eles terminaram e ele saiu de casa, ela foi pelo menos quatro vezes no apartamento dele, que eles almoçaram juntos. Ele estava sofrendo com o término do relacionamento, saiu, bebeu e depois que ficou com o carro preso em um estacionamento, pediu ajuda para amigos, mas não conseguiu um lugar para dormir. Daí, ele foi na casa dela procurar abrigo e foi quando tudo aconteceu. Ela me ligou de madrugada, mas em momento algum ela me disse que era para eu ir lá levar ele embora porque estava com alguém (atual companheiro) - conta o irmão.

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