A Secretaria de Segurança Pública (SSP) realizou coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (10), para divulgar desdobramentos do caso envolvendo o bolo envenenado de Natal, que causou a morte de três pessoas, em dezembro do ano passado, em Torres. A principal suspeita do crime é Deise Moura dos Anjos, 42 anos, que está presa desde o último domingo (5) e é apontada como uma assassina em série.
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O caso é tratado como triplo homicídio, duplamente qualificado, e tripla tentativa de homicídio. Além disso, o corpo do sogro da suspeita, Paulo Luiz dos Anjos, foi exumado e a perícia confirmou a presença de veneno em seu organismo.
A delegada Sabrina Deffente falou mais sobre as investigações:
– Cada dado descoberto na busca por informações no celular da acusada era uma surpresa para nós. Não temos dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série e que, durante muito tempo, não foi descoberta. Durante muito tempo, tentou apagar provas que pudessem levar a atribuição de culpa a ela.
A delegada confirmou que três pessoas seriam os alvos do bolo envenenado, mas a situação teria saído do controle. Além disso, explicou que a suspeita pesquisou pelo celular informações do veneno, de preferência que não tivesse cheiro, nem gosto, para não levantar desconfiança. A compra teria sido realizada pela internet.
– A situação de Torres saiu do controle, pois era para o bolo ter sido consumido somente por três pessoas, que estariam presentes naquela comemoração. Porém, outros parentes se juntaram e acabaram consumindo – informou a delegada.
As investigações apontam que Deise iniciou os envenenamentos de pessoas próximas ao seu círculo familiar, como seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que faleceu em setembro do ano passado. O corpo dele foi exumado na quarta-feira (8) e levado ao Instituto Médico Legal (IML). As coletas apontaram a presença de arsênio no organismo do idoso, mesmo veneno presente no bolo servido no Natal.
– Ela teria tentado, de todas as formas, que o corpo fosse cremado. Não conseguindo isso, ela constrói outros relatos para tentar encobrir a verdadeira causa da morte do sogro. Ela até consegue, até um primeiro momento, porém ocorre essa situação maior em Torres – finalizou Sabrina.
O delegado Marcos Vinícius Muniz Veloso relatou que a suspeita prestou depoimento por cerca de cinco horas e apresentou calma e tranquilidade, com afirmações firmes e consideradas convincentes.
– Para a Polícia Civil, temos provas robustas de que ela matou quatro pessoas. A cada dia que avançamos na investigação, muitas novidades surgem. Ela fez mais de uma compra deste veneno pela internet. Temos provas não somente de que essa mulher matou, mas tentou matar outras três pessoas, além de ter participado de outros casos. Porém, ainda não podemos passar mais informações sobre isso - informou Veloso.
Na sequência, o delegado mostrou prints de conversas de Deise com familiares, que foram anexadas à investigação. Outro ponto levantado em sua fala foi a facilidade como a venda e a entrega de produtos como esse têm sido realizadas.
A suspeita está no Presídio Estadual Feminino de Torres.
A coletiva foi transmitida por meio das redes sociais da Polícia Civil. Confira:
Relembre o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico no último dia 23 de dezembro, após consumirem um bolo que continha arsênio, conforme análise da perícia do IGP. O doce foi feito por Zeli dos Anjos.
Três delas morreram: duas irmãs de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.
Zeli, responsável por fazer o bolo, ficou hospitalizada e recebeu alta nesta sexta (10). Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado, mas já está em casa. Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.
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