Foto: Arquivo pessoal
Taísa Macedo Paula, 26 anos, foi assassinado no Dia dos Namorados de 2017 pelo então namorado, um pastor, que confessou o crime
O julgamento de Carlos Rudinei de Oliveira da Silva, acusado de matar Taísa Macedo Paula, será realizado antes do previsto. Inicialmente marcado para 18 de novembro, o júri foi adiantado e ocorrerá no dia 26 de setembro, em Santa Maria.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Sete anos após o crime, o réu responde em liberdade por homicídio qualificado e ocultação de cadáver com a qualificadora de feminicídio. Taísa foi assassinada no Dia dos Namorados de 2017, aos 26 anos, quando estava grávida de três meses. A necropsia apontou traumatismo craniano causado por golpes de martelo.
A jovem desapareceu em 12 de junho daquele ano, após ser vista saindo de casa, no Bairro Salgado Filho. Foram 36 dias de buscas até o corpo ser localizado parcialmente enterrado em uma área de mata em Itaara. O local foi indicado pelo próprio autor confesso do crime, um pastor, que conheceu Taísa na igreja onde ela se preparava para ser missionária. Desde então, a família da vítima aguarda pelo julgamento e pela condenação.
Sete anos de espera
No dia 12 de junho deste ano, quando a morte de Taísa completou mais um ano, o irmão dela, Dierson Macedo Paula, 37 anos, falou ao Diário sobre a dor que ainda sente. Para ele, o dia marca a última lembrança do contato com a irmã e permanece como uma ferida aberta, mesmo com o julgamento do acusado marcado.
Dierson relata que não tem grandes expectativas em relação à justiça. Ele lembra que viu o réu, Carlos Rudinei de Oliveira da Silva, duas vezes desde o crime, incluindo uma ocasião em que ele já trabalhava como pastor.
— Infelizmente, talvez eu esteja assistindo muitos filmes, mas eu não espero muita coisa, sabe? (...) Ele tem residência fixa e emprego fixo. Então, ele é um cidadão, uma pessoa que não oferece risco à sociedade. Só que essa pessoa que não oferece risco à sociedade matou a minha irmã — afirmou.
Leia a reportagem completa aqui.
Taísa foi morta no dia em que esperava assumir namoro

Taísa morava com o irmão em uma casa na Rua Francisco Brochado da Rocha, no Bairro Salgado Filho. Segundo ele, a jovem mantinha um relacionamento com Carlos Rudinei, que era casado. A mãe de Taísa, Glecir Macedo da Silveira, também frequentava a igreja na época e conhecia o pastor, mas não sabia do relacionamento dele com a filha.
Dierson conta que o pastor prometia deixar a esposa, e o prazo dado por Taísa para que ele assumisse o relacionamento era 12 de junho de 2017, Dia dos Namorados — data em que desapareceu.
Por volta das 16h, Taísa avisou o irmão e a cunhada, por mensagem, que estava saindo. Ela foi vista pelos vizinhos pela última vez no período da tarde, momento em que deixava a casa. Dierson começou a ficar preocupado por volta das 21h30min, pois, geralmente, ela voltava mais cedo para casa.
Nesse dia, na tentativa de encontrar pistas sobre onde ela poderia estar, ele encontrou um urso de pelúcia e uma caneca do Grêmio com um bilhete que dizia: “Papai, nós te amamos”, presente que seria endereçado a Carlos Rudinei.
Foram várias tentativas de contato com Taísa e Carlos Rudinei via telefone, todas sem sucesso. Dierson conta que às 6h30min do dia 13 de junho, o pastor teria ligado para ele. Disse que havia conversado com Taísa, que eles haviam discutido, mas que ela teria ido para casa. Ainda teria dito: “Quem encontrar ela primeiro avisa o outro”. Além disso, três dias antes de a polícia encontrar o corpo, em Itaara, o ex-pastor teria enviado uma mensagem a Dierson perguntando se ele tinha notícias de Taísa.
Em depoimento, Carlos Rudinei confessou a autoria do crime. Na época, ele disse à polícia que teria encontrado a jovem na rua. Eles haviam discutido, ela teria entrado no carro dele, e os dois teriam ido ao local do crime, na localidade de Rincão da Limeira. Lá, o casal teria discutido novamente e Taísa teria tentado agredi-lo. Por essa razão, ele teria atingido a jovem com golpes de martelo. Ele negou ter conhecimento da gestação.
Quando o caso completou um ano, em 2018, Dierson, disse em entrevista ao Diário que a mãe foi morar em Santa Catarina por não conseguir lidar com as lembranças da filha em Santa Maria. Ela vive no Estado vizinho desde então.
O réu nunca foi preso — decisão que gerou polêmica nas redes sociais. À época, o delegado que coordenava a investigação, Eduardo Machado, da Polícia Civil, disse ao que não pediu a prisão porque o suspeito não oferecia risco de fuga, tinha residência fixa, não possuía antecedentes criminais e estaria colaborando com as investigações.
A reportagem não conseguiu fazer contato com o advogado de Carlos Rudinei da Silva.