O delegado titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel, Daniel Severo, falou com a reportagem do Diário nesta sexta-feira (9) sobre o caso da menina Isabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos, que morreu na quinta-feira (8). A investigação, até o momento, aponta os pais de Isabelly como principais suspeitos do crime, que teriam violentado e agredido sexualmente a menina.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
O casal, José Lindomar Nunes Brezzolin, 55 anos, e Elisa de Oliveira Carvalho, 36 anos, foi preso após a filha dar entrada no Hospital Santa Casa, onde foi levantado que a menina estava com fraturas nas costelas, pulmão perfurado, hematomas pelo corpo e lesões nos órgãos genitais. Ela chegou a ser encaminhada em estado grave ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), mas não resistiu aos ferimentos.
– O que posso adiantar é que a mãe em algumas oportunidades disse que flagrou o pai dando colo para essa criança de 11 anos de maneira inapropriada, e que os abraços envolviam outras carícias, inclusive ao redor dos seios, e que foram pelo menos três oportunidades nos últimos meses. Ela nega que tenha sido ela e tampouco acusa ele.
Segundo o delegado, a mãe informou que Isabelly estava com um quadro de otite e cólicas desde domingo (4) e que o quadro teria se acentuado na terça-feira (6) à tarde:
– A mãe deu um banho em Isabelly, conforme o relato dela, e que deixou aos cuidados do pai. Ela informou que a partir disso a filha já estava com a fala arrastada e parou de responder, mas que somente no outro dia [quarta], ao final da manhã, que eles levaram ela à Santa Casa.
Ela teria chegado ao local com quadro severo de insuficiência respiratória e teria sido entubada. Os exames indicaram a condição de pneumotórax (que é o colapso parcial ou total do pulmão devido à presença de ar entre as duas camadas da pleura), e, por isso, foi realizado um dreno. Com o quadro grave e sem recuperação, Isabelly foi transferida para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde morreu na quinta-feira (8).
O laudo da necropsia deve apontar a relação do quadro de Isabelly com os traumas pelo corpo:
– Eles relatam que ela teria caído da cama.
O depoimento do pai de Isabelly confirma a sequência de fatos relatado pela mãe. Um tio que compartilha o mesmo terreno da família e pessoas ligadas à escola onde Isabelly estudava, a Escola Municipal Presidente Kennedy, foram ouvidos pela polícia:
– Era uma família bastante reclusa. Pouquíssimas pessoas tinham acesso à casa. No que nos consta até o momento nenhum estranho teria acessado o imóvel desde domingo. A Isabelly era uma criança bastante retraída pelas informações que temos. Sem amigas, não ia para casa de amigas, não saía. A mãe era muito protetora nesse sentido.
Perguntado sobre o sentimento dos pais, o delegado aponta:
– Nenhum dos dois derramou uma lágrima com a notícia da morte da filha.
A perícia na casa será realizada nesta sexta-feira (9). O auto de prisão em flagrante foi encaminhado na quinta-feira (8) a Polícia Federal, com a solicitação de prisão preventiva. O delegado não consegue afirmar se foi deferida. Caso haja deferimento são 10 dias para arremeter o inquérito. Os suspeitos respondendo em liberdade o prazo é de 30 dias.
Defesa
A advogada Rebeca Canabarro, contratada para defender o casal, afirmou que iria chegar em São Gabriel nesta sexta pela manhã e que deve falar ao Diário à tarde, após apurar os detalhes do caso.
Violências
O delegado disse que a mãe relatou ter sofrido ameaças enquanto estava grávida:
– Escutamos a mãe duas vezes, no dia em que Isabelly deu entrada no hospital e na manhã seguinte quando a menina faleceu. E é difícil extrair uma narrativa com início, meio e fim. Ela disse ter sofrido ameaças quando estava grávida e quando acusava o pai de molestar a filha.
Quanto aos casos registrados sobre violência doméstica e principalmente contra crianças, o delegado reforça a necessidade de se manterem atividades educativas, palestras em escolas, por exemplo:
– O difícil da violência doméstica e infantil é que ela obedece uma lógica familiar particular, é um local onde não temos acesso. Precisamos chegar nessas crianças antes, romper essa lógica e criar algum canal, no qual elas possam se comunicar conosco.