Foto: Eduardo Ramos (Arquivo/Diário)
Teve início na manhã desta terça-feira (13), o interrogatório dos três policiais militares acusados pela morte de Gabriel Marques Cavalheiro, no Fórum de São Gabriel. O 2° sargento Arleu Junior Jacobsen e os soldados Raul Veras Pedroso e Cleber de Lima são réus na Justiça comum por homicídio triplamente qualificado. Na última segunda-feira (12), a morte do jovem completou dois anos. O interrogatório foi encerrado no início da tarde.
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O ato encerrou a primeira fase do processo que, agora, aguarda a decisão se os réus serão julgados ou não pelo Tribunal do Júri.
Pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), a promotora de Justiça Lisiane Villagrande Veríssimo da Fonseca acompanhou todos os interrogatórios, e disse que, no momento, espera pela deliberação sobre requerimento da defesa dos acusados, e, após, se aguarda o oferecimento de memoriais pelas partes envolvidas. Com isso, o MP-RS afirma que espera pela pronúncia dos três policiais para serem julgados por jurados pela prática de homicídio triplamente qualificado, conforme a denúncia.
– Os réus negaram a autoria, no entanto, o MP-RS afirma manter a convicção acusatória. Para nós, não houve qualquer surpresa relacionada às teses defensivas, e as provas produzidas desmentem as versões dos acusados, sendo claras no sentido da responsabilidade deles pelo homicídio de Gabriel. As afirmações defensivas, que indicam um complô para a incriminação dos policiais, são dignas de um roteiro de cinema, nem de longe correspondem à verdade dos fatos – afirma a promotora Lisiane.
O advogado Maurício Adami Custódio, que trabalha junto com Ivandro Bitencourt Feijó na defesa do 2º sgt Arleu Junior Jacobsen, avaliou o momento como positivo:
– Conseguimos esclarecer tudo aquilo que a prova pericial e testemunhal já apontava. Para nós, foi produtivo e oportuno a eles destacar tudo o que ocorreu naquela noite, além de rebater ponto a ponto da acusação.
O advogado afirmou que entrou com um pedido de revogação da prisão do sargento e também pediu o esclarecimento de uma prova, que surgiu da quebra de sigilo telefônico. Em ambos os casos, é aguardada a decisão judicial sobre esses pedidos.
– Não há mais motivos para manter Arleu e os outros acusados presos. O âmbito dessa prisão, daqui para adiante, é irrazoável e extrapola a menor das condições de proporcionalidade. Seria uma antecipação de culpa, sem o devido processo. Arleu está preso há 720 dias sem nenhuma motivação, o que é desnecessário.
Além disso, o advogado voltou a afirmar que haveria um erro judiciário no processo e que o "verdadeiro assassino do Gabriel está solto."
Rejane Lopes, que representa a família de Gabriel, se manifestou por meio de uma nota:
"Com os interrogatórios feitos no dia de hoje, nos aproximamos do fim da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri.
O conteúdo das provas e depoimentos corrobora os termos da denúncia oferecida pelo Ministério Público. Por isso, a acusação está convencida da responsabilidade dos réus pelo ocorrido, considerando-se o teor das provas produzidas e dos testemunhos prestados pelos acusados."
O Diário tentou contato com a advogada Vânia Barreto, que defende os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Relembre o caso
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do dia 12 de agosto de 2022, no Bairro Independência, em São Gabriel. Por volta da meia-noite, uma moradora teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Os policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.
O corpo de Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado no dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais militares que abordaram o jovem foram presos na noite do dia 19 de agosto, e foram encaminhados ao Presídio Militar de Porto Alegre, onde estão presos desde então.
O laudo do exame de necropsia apontou que Gabriel morreu devido a uma hemorragia interna na região do pescoço, provocada por uma agressão, e que não havia indícios de afogamento.
*Colaborou Vitória Parise.
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