Vítima de feminicídio havia pedido medida protetiva contra ex-companheiro há nove dias

Vítima de feminicídio havia pedido medida protetiva contra ex-companheiro há nove dias

Foto: Gilberto Ferreira

Crime foi cometido na manhã desta quarta-feira na Rua Silva Jardim. Vítima entrou em restaurante para tentar se proteger, mas acabou esfaqueada pelo ex-companheiro

A faxineira Mariane de Souza Ravazi, 40 anos, foi morta com golpes de faca na manhã desta quarta-feira (9) dentro de um restaurante na Rua Silva Jardim, no Bairro Nossa Senhora do Rosário, em Santa Maria. O suspeito do crime, Luiz Roney Freitas da Costa, 54 anos, era ex-companheiro da vítima e foi preso em flagrante. Há nove dias, Mariane havia solicitado uma medida protetiva contra Costa depois de registrar um boletim de ocorrência por ameaça de morte e injúria. O casal estava separado há um mês.


O suspeito, que possui antecedentes criminais por estelionato, posse de entorpecentes, receptação, violência doméstica, ameaça, desacato e roubo a pedestre, não aceitava o fim do relacionamento e passou a perseguir a vítima pelo menos desde o último mês. Após o crime, ele fugiu em direção ao Bairro Carolina, onde foi preso em flagrante pela Brigada Militar (BM) e encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). Até o momento, Costa não apresentou um advogado.


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Conforme a Polícia Civil, Mariane realizava serviço de limpeza em um edifício próximo ao local crime. Quando saiu do trabalho nesta manhã, começou a ser perseguida pelo ex-companheiro, que estava armado com uma faca. Para pedir socorro, ela se refugiou dentro do restaurante, mas Costa entrou no local e a esfaqueou. Mariane morreu no local.


De acordo com o último Boletim de Ocorrência registrado (BO) por Mariane, no dia 30 de setembro, ela relatou que manteve um relacionamento de 11 anos com Luiz Roney Costa. Nesse período, teria sofrido diversas agressões físicas e verbais, que deixaram cicatrizes e dentes quebrados. 


Em uma das brigas, ela teria desferido um golpe de faca nele e com isso as agressões pararam de acontecer. No entanto, Costa ficou desempregado e passou a viver de forma ociosa e a depender financeiramente de Mariane, que decidiu pôr um fim no relacionamento, o que motivou os episódios de ameaça e perseguição. Diante dessa situação, a faxineira solicitou medida protetiva contra Costa, tanto em sua residência quanto em seus locais de trabalho. Ela atuava como faxineira para uma empresa terceirizada.

Mariane de Souza Ravazi tinha 40 anos e trabalhava como faxineira Foto: Reprodução

Para a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Santa Maria (Deam), Elizabete Shimomura, Mariane foi vítima de um feminicídio típico.


– Não tínhamos o conhecimento de que ele estava perseguindo ela esse tempo todo. Só fomos saber a partir do último boletim registrado, que foi no dia 30. Antes disso, só havia registro de 2014. E o histórico nos mostra que era uma relação bastante conturbada. Ele estava intimado para prestar depoimento à Justiça no dia 7 de novembro e, agora, terá a prisão temporária convertida para preventiva dada a gravidade do crime – afirma a delegada.


Informações policiais obtidas pelo Diário mostram que Mariane possuía antecedentes criminais por calúnia, homicídio, lesão corporal, abandono de incapaz, desacato. A polícia não revelou em qual o caso de assassinato a faxineira estaria envolvida. O histórico da vítima, contudo, não altera a investigação do feminicídio.


– Esse histórico policial de vida dela, neste momento, não se leva em consideração, pois estamos tratando de um homem que perseguiu e matou uma mulher, praticamente por um sentimento de posse, por não aceitar o fim de um relacionamento – ressalta Elizabete.


Segundo a delegada, o prazo para a conclusão do inquérito é de 10 dias.


Violência contra a mulher em Santa Maria

A cidade não registrava casos de feminicídio desde 2022. No entanto, a delegada Elizabete destaca um aumento no número de registros de violência contra a mulher. 


– há um aumento considerável de ocorrências e, paralelo a isso, há um aumento enorme de prisões preventivas e em flagrante. Nos últimos três meses, temos prendidos inúmeros indivíduos, principalmente por descumprimento de medida protetiva. E isso nos dá o alerta de que é preciso ter um olhar mais cuidadoso para esses casos – acrescenta a delegada da Mulher. 



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